E quando termina, o que é que vem depois?

Notas de uma estudante obsessiva que não sabe o que fazer com (mais) um diploma na mão

Carla Leonardi
rascunhando

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Não é a USP, mas vamos fingir que é. Photo by Heloísa Oss Boll on Unsplash

Eu nunca parei de estudar. Entrei na escola em 1994 e, desde então, o único ano em que não estive formalmente matriculada no ensino “regular” foi em 2013 — período em que, por outro lado, fiz o Curso Abril de Jornalismo e outras coisas mais rápidas. Foi o ano, também, em que fiquei entediada sem aprender nada e resolvi estudar francês sozinha. Do zero. Pra arrematar, me inscrevi na Fuvest.

É possível que se eu estivesse empregada, batendo ponto e respondendo pra chefe, isso não teria acontecido. Mas eu era freela naquela época, como fui por tanto tempo, o que me dava disponibilidade e deixava meu cérebro abaixo da capacidade de produção.

O fato é que no ano seguinte eu entrei na USP e… Bom, nunca mais saí. Fiz bacharelado, licenciatura, intercâmbio, Iniciação Científica, dupla habilitação. Quando estava para terminar, me angustiei. Eu não queria sair de lá, não queria deixar de ser aluna, afinal, eu fui aluna a vida inteira e me reconhecer fora desse papel é muito difícil (pra não dizer impossível). Então comecei o Mestrado.

Uma jornada longa, de créditos a serem cumpridos, muitos livros na fila de leitura, eventos pra participar, artigos pra produzir, uma dissertação pra escrever, uma pandemia no meio e dois empregos novos. Tinha tempo pela frente. Mas ele passou — você sabe, leitor — ele passou voando.

Photo by Lucian Alexe on Unsplash

O meio acadêmico nunca foi sofrido pra mim, pelo contrário, até: é meu lugar de conforto. Falo isso para que não soe esnobe, embora possa soar ainda mais. Apesar do compromisso — esse, sim, resultado de um esforço real — , o resto me vem fácil. Leio fácil e escrevo fácil, por ofício e por paixão. Mas eis que o fim novamente se aproxima e a angústia, minha velha companheira, já se aboletou entre os neurônios cansados de fim de pós.

Tenho menos de três meses para o depósito da dissertação; a defesa vem logo em seguida. E depois? Quando termina, o que é que vem depois?

Obsessiva, é claro, ando pesando a possibilidade de aplicar pro Doutorado. Eu já não tenho tempo disponível como tinha antigamente — nem energia, confesso. E um Doutorado é um compromisso muito mais longo. Mas me imaginar fora da USP me dá vontade de chorar. É caso clínico, eu sei, mas segundo a pessoa que é paga pra analisar minhas caraminholas, tudo bem — desde que eu não use a Academia pra suprir outras partes da vida (eu conto ou vocês contam?).

Eu já disse que o Doutorado é um compromisso muito mais longo? Pois é…

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Carla Leonardi
rascunhando

Jornalista e leitora inveterada. Conversando sobre livros no Instagram @ca.leonardi